Pedrinho Luz
Mais de 10 mil pessoas já assistiram ao espetáculo Pedrinho Luz, com quase 50 apresentações na capital e em outras cidades de São Paulo.
O espetáculo Pedrinho Luz propõe uma releitura da história vivida por Petrouchka, um boneco de marionetes que, animado por um mago, divide o amor da bailarina com o mouro. A trama, que foi originalmente ambientada numa praça da antiga São Petersburgo de 1830, recebe a nova paisagem dos arredores da cidade de São Paulo no período de carnaval.
O aspecto lírico ordinário do Petrouchka permite tangenciar alguns temas universais de maneira lúdica e identificar personagens correspondentes na nossa realidade. A história, além de facilitar um olhar mais atento sobre os indivíduos comuns, compartilha um universo poético de alegrias e tristezas.
Questões humanas como a cumplicidade amorosa, a aceitação do diferente, a perda do próximo, o abandono e a superação em situações extremas marcam a trajetória dos personagens revelando estados de conflito e de fragilidade. A escolha pela fragmentação, tanto da história como da representação, faz brotar uma linguagem corporal ágil, não-linear e própria dos seus intérpretes.
Aqui, os protagonistas não só receberam outros nomes como também foram multiplicados para intensificar os sentimentos e os estados oníricos. A idéia desse desdobramento nasceu do flagrante reconhecimento destes personagens vividos em cada um de nós, além de possibilitar o exercício de talentos tão raramente reconhecidos.
O contraponto entre a realidade e o imaginário, o passageiro e o eterno, está presente na exploração do palco através de corredores e focos de luz de Ricardo Morañez, criando uma ilusão e uma simultaneidade das ações. No início, a vida com seu curso diário, pessoas na rua, na feira, caminhando – situações cotidianas. Em alguns momentos, a vida ganha outra dimensão pela ampliação do espaço interno do sonho, da paixão, da emoção e do encontro. Pedrinho, Átila, Rita e o Mago representam essa suspensão da realidade aparente, para a imersão na realidade das relações humanas mais fortes.
O cenário de Simone Mina amplia essa perspectiva, com o corredor ao fundo da cena, trazendo a possibilidade de livre imaginação com seu fluxo constante: somos muitos e de muitas maneiras nas passagens vividas. O desfecho trágico da peça com a morte do Pedrinho deixa um gesto parado no ar, para logo em seguida a vida retomar o seu curso.
Nosso processo de criação foi norteado pela intensa colaboração dos integrantes do grupo, seja na construção coreográfica como no rastreamento dos personagens. Foi fundamental a participação da assistente de ensaio Cris Belluomini e dos arte-educadores Júlia Pittier e Márcio Greyk. Como encenadora, fiz a concepção e organização das cenas de maneira a acolher as diferentes sugestões dos jovens em suas inúmeras e divertidas criações.
A trilha sonora de Cláudio Soares se inspira no Petrouchka de Igor Stravinsky. “Melodias, instrumentação, rítmica e procedimentos técnicos da composição (polirritmia, sobreposição de temas etc.), serviram de referência para a música. Outros elementos também influenciaram no processo, tais como a adaptação da história para o cenário urbano contemporâneo (utilização de elementos da música pop, do jazz, do tango e do samba), os movimentos da coreografia e os estados emocionais propostos pela história e necessários para a construção da mesma”, como explica Cláudio.
O espetáculo é o resultado de uma imersão em experimentações dramatúrgicas e lúdicas, que se valeu do cruzamento criativo da dança, teatro, circo e música. Foi no empenho conjunto deste processo que se alargaram as possibilidades de construir um espetáculo cujas preocupações vão muito além do resultado cênico.
Susana Yamauchi
sábado, 17 de outubro de 2009
ALEXANDRE SAMPAIO
Alexandre Sampaio, ator e produtor executivo.
"ENQUANTO OS LEÕES NÃO PUDEREM CONTAR A SUA HISTÓRIA, A HISTÓRIA QUE CONHECEREMOS SERÁ SEMPRE A VERSÃO DOS CAÇADORES"(Ditado africano).
Assinar:
Postagens (Atom)